09 fevereiro, 2008

Demônios do éter nos deixam sem eco



Damo-nos as mãos em troca de flores,
De um tempo a muito passado.
Que nosso amor releva quedas tão alto nos eleva.
Nesse tempo pouco, eu quase louco fiquei sem ti,
Teus desejos confessas ao vento e o martírio é nosso conviva.
Mesmo assim, querida, amada, desejada,
Esperada e acalentada de meus sonhos.

Dizes: “Seria um momento mais duradouro em meu corpo e alma, do que uma vida”.

O peito arfante aspira coragem, penso. Repenso.
Insisto comigo mesmo que devo dizê-lo:
E és tu quem fala, rindo de formoso modo.

Dizes: “quero fazer amor e viver amor com você!”

Apague o cigarro, já! Estás vestida. Dispa-se!
O cabelo preso, solta-os! As janelas fechadas, abra-as!
Deixa a brisa fresca entrar. Estarei contigo, já!

O ventilador do teto espreita meus pés tocar os teus,
Diminutos, assemelhados a delicados...
Repousas em meu braço.
Fecho os olhos, sinto o teu perfume... Inebria.

- você me deixa alucinada... doida.

Eu toco leve teus seios. Tímido. Sinto-os em frêmito sutil.
Eriçados os mamilos róseos.
Imagino que o desejo os move. Enternece a mim.
Sinto teu ventre afligir leve. Conforto a mão nele, trêmulo
Quero encontrar teus segredos mais íntimos.
Eu sussurro na tua orelha e brando roço lábios
E língua que me quer saltar da boca.

E agora nada me dizes?
Nada.
É chegado um outro cálice de vinho.
E também morangos.
E uvas e amoras...

“Senti teus toques,
teus lábios quentes,
tuas mãos em meus segredos,
já tão teus...”


Arrepia tuas costas desnudas esse gelo que vai gotejando.
Desde o cálice que te alcanço e te eriçam o velo.
Penso se já não custa, muito tarde, beijar-te.
Enfim e longamente e deixar-me, tu, explorar tua boca.

O movimento ligeiro da língua. E lentos dos lábios e...
És já molhada de desejo...

[Casal em enlevo molha-se, sua o mesmo suor]

Cores esfuziam-lhes os olhos aos penetrarem-se os vãos todos
Dos corpos no modo de amar sem metáforas, desenhos,
“No vocabulário dos amantes...”

[São já, então, apenas um]

E aquele beijo tão ambicionado, quente.
Lábios macios, molhando os meus.
Empolgam-me a querer-te mais.

E mais querendo, sendo então
Um homem enfim feliz a abrir os olhos.
E percebendo teu sorriso manso
A esparzir beleza os lábios túmidos de prazer.

Os teus céus todos inflamados em gozo
O corpo em frenesi convulso a latejar...
As preliminares ao coito, suaves, preparavam as cadeias.

Para que pudesses sentir-te prendendo-me,
Sorvendo eu o teu bálsamo.
Acariciando tuas formas cobiçadas.

És agora em frêmito. Estás comigo em êxtase.

Nós nos movemos já em um único compasso...
Lento, ma non troppo.
Cerro os olhos novamente e estou nos céus


Para R.F.
Publicado no Recanto das Letras em 08/02/2008
Código do texto: T850539

2 comentários:

  1. Mundo pequeno, conheci o trabalho da R. F., através de um recantista que divulgou um trabalho conjunto com ela no Mural.
    Também pequeno mundo que hoje me fez saber que uma amiga, Rose, te conhece da Câmara e já leu teu livro. Gostou muito. Te envia um beijo.
    Acasos? Digo sincronias.
    Belíssimo e apaixonante teus "Demônios..."

    Abraço,
    Meriam

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  2. Se a terra é apenas o terceiro maior planeta do sistema, sendo o Sol, estrela de terceira grandeza, aparecendo relativamente a Antares, se esse for representado por uma laranja grande dessas de amostra, o Sol, apareceria apenas no tamamnho de um pixel...
    Concordo... é um mundo pequeno.
    E mais do que sincronias, Merian, diria sintonias, balanços em mesmas freqüências, iridescentes no mesmo espectro das mais lindas cores.
    Rose, da Câmara, é uma antiga amiga, e há pouco menos tempo também colega de trabalho, que sou servidor municipal de Porto Alegre.
    Grato por tua visita. é sempre um prazer imenso tê-la próximo de meus escritos, como aprecio aproximr-me dos teus.

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