05 fevereiro, 2008

Zé Poeta comove com leitura de novela

Alô Adroaldo... um modesto comentário sobre O Dia do Descanso de Deus.


A literatura policial, gênero que já foi considerado menor, hoje é sem dúvida um clássico. Quem não se move ante a pergunta: “Quem é o culpado?”.
Nesse caso, a “culpa” é de um processo lento entre o conflito do passado, com a falta de clareza do presente e a intangibilidade do futuro.
Li o Dia do Descanso de Deus, e confesso que me surpreendi. Vi na novela, a determinação de um Ahab na busca pela vingança ao cetáceo que lhe arrancou a perna em Moby Dick.
Vi os detetives e seus ajudantes enfrentando a agrura que é desvendar um mistério. Vi tua fluência ao brincar de esconde-esconde nas idas e vindas do texto. Vi tua ousadia ao revelar (ainda na metade do texto) o culpado, mas escondê-lo mesmo assim de um(a) leitor(a) que vai “compreender” a motivação apenas nas últimas páginas. Vi o ritmo de aventura necessário aos tempos atuais, todavia regado a chimarrão e aquele olhar fraterno, mas não totalmente aberto à primeira estampa, do gaúcho. Vi uma persona que já nasce clássica tal qual o pistoleiro fantasma que volta para a vingança no Outlaw do Clint Eastwood, que é o Romão e seu hábito de cuspir na própria sombra.
Mas, principalmente vi, (e é aí que para mim que o conheço de esguelha) a forma como resolvestes o mistério de escrever um texto moral, nas veias de um militante.
Nunca deixamos de ser o que somos, e no teu caso, isso está no texto. A política é presente sem ser chata. No trânsito das idas e vindas há um signo comum que é a unidade em torno de um compromisso do trio de amigos que sequer o tempo ou o Descanso de Deus, podem abalar. Muitos militantes, picados pela mosca azul do Machado, deveriam entender o que conseguistes “enuviar” em teia de fina ironia e... mistério, célula constitutiva de todo bom policial.
Confesso a grata surpresa, quando beiras o surrealismo em alguns trechos envolvendo o Domício, durante toda a trama, principalmente no final onde parecemos emaranhados numa lógica aparentemente sem sentido.
Além do que o humor, e esse é um traço teu muito forte, naquele olhar maroto quando: “pega a gente de jeito”.
li-o em Cambará do Sul, diante das auracárias no Parque Nacional dos Aparados da Serra e, assim como os pais de Romão, fui longe estender minha rede para encontrar meu interior.
Parabéns pelos mistérios e pela lição de moral aos que traem os sonhos.
Depois, devemos estar atentos ao coma que os olhos verdes e personagens fortes podem causar em nossos fracos corações, principalmente, quando são Divinas as Lauritas.

José Sílvio Amaral Camargo
zehpoeta@gmail.com

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