11 julho, 2008

Um canto ao espelho

Velasquez, em As Meninas,
escusa-se de negar a realidade.
Põe as filhas do rei frente ao espelho


Eu não desprezo o cinza-nublado
Nem o corrugado, o crestado,
Sequer a poeira redemoinhada
O vento de umidade carregado

Sim, prefiro a terra fértil à seca.
A suavidade da brisa ao vendaval
A pedra lisa, o seixo rolado à lama
Ainda sei que o ouro é um metal

Sei, há quem por si faça opção
Versos, canções e até se inflame
Com ganância, morte e podridão.

Sei que uns preferem cantar loas
E mesmo a companhia do trapaceiro
Sem dúvida a canção sabe a dinheiro

Se não cantam flores, que não as há
Nem as sinceras dores, a disfarçar,
Se não há amor, nem ex-amor.

Se o canto desnuda a alma,
Teria que aplausos tal cantor?
Sentidos, refletidos ou enfarados?

Quando se olham no espelho, certeza,
Percebem-se as meninas da realeza!

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