13 novembro, 2006

A Exigência Social

No finzinho do milênio passado, os de esquerda escrevemos juntos no Brasil uma contribuição importante ao pensamento socialista do planeta: "Será estatal e público o que for socialmente exigido".
Não se apresse, mastigue as palavras, cada uma delas tem um conceito.
Será: programa.
Estatal: o que é propriedade e tem direção política do aparelho de governo.
Público: por óbvio, o que não é particular, privado.
O que for: uma diretriz condicionante que se impõe do passado ao futuro.
Socialmente: de modo coletivo, não particular ou de pequenos grupos.
Exigido: o que se impõe nas circunstâncias e na correlação de forças políticas de uma determinada sociedade.
O conceito combateu a degeneração do Estado implementada po Stalin na URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), preservou a forma popular em que as conquistas da Revolução Bolchevique de Outubro de 1917 se deram: os sovietes articulados em ação popular de poder político.
E não se rendeu ao autonomismo, ao basismo, seja lá que nome queiram dar ao espontaneísmo na ação política em uma sociedade qualquer.
Embora tenha resultado de elaboração coletiva decidida por maioria e representasse um salto teórico de relevância histórica, o milênio findou sem que o conceito tenha sido experimentado às ganhas (na vera, diriam outros).
A ação concreta não verificou sua validade.
No entanto, continua válido a meu ver.
E carente de experimentação por forças políticas que se transformem em ferrramentas dirigentes da ação de massas.
Se a tarefa dos lutadores sociais é aumentar o grau de consciência do povo, se exigência não é mera reivindicação ou protesto, o patamar a ser ultrapassado requer conscientização.
E isto, pessoas queridas, se conquista com muito trabalho e paciência junto aos interessados em elevar o protesto e a chiadeira aos degraus da organização coletiva para a ação consciente.
Ah! Uma lembrança que quase me escapa: é essencial que a ação se dê articulada em todo o território e não dispense as ferramentas e os instrumentos de auto-defesa, sejam eles de propaganda e agitação, sejam os utensílios capazes de conter a sanha da força a ser removida para que se instale o exigido.
Recordemos que a física ensina sobre a imposibilidade de dois corpos ocuparem o mesmo lugar no espaço.
Idéias que têm força de permanência são mais sólidas que os corpos físicos, que se desmancham no ar.

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