02 julho, 2008

Apenas animais assustados



Inesperado, fortuito, feito bola de fogo insuspeitada, talvez um grande meteoro colidindo com a crosta da terra, em meio à floresta.
Nós acabávamos de gozar e o reláx se iniciava pós o êxtase, interrompido pelo ensurdecedor estrondo, uma vaga ainda mais quente de ar se insinuou em onda veloz arrombando as janelas, deixando fumegantes os bambus das cortinas.
Não pensamos em nos vestir quando corremos ambos para a porta dos fundos, que nos parecia a mais distante da zoada infernal que não cessava. Alguns animais silvestres, hábito incomum para aqueles locais, também chegaram conosco à mesma porta, agora um buraco crestado pelo calor, os vidros espatifados, estilhaçados, cortantes de nossos pés descalços, que só nos apercebemos tarde demais... já em hemorragia e dores lancinates.
Éramos uma multidão, uma manada, um bando de pobres animais desorientados em fuga do inusitado, do talvez quem sabe o que fosse... ainda não percebido, além do intenso ruído, do calor insólito em crescendo, como um ataque de violinos em allegro...
Continuamos correndo.
A pausa se fazia, mas o estrondo, como a gota torturante da técnica chinesa se oferecia em seguida, sem compasso previsível, a intervalos, sim, mas intermitentes, e a pressa dos demais animais desabalavam os que ficávamos tentando adivinhar a dimensão do que percutia.
Era noite, mas os clarões, e mesmo os sons, pareciam mais o inferno dos dias mais quentes do congestionamento da metrópole, do que teríamos, há muito nos afastado, por impossível de conviver de modo humano, gentil, prazeiroso, agradável, amistoso sequer.
E, no meio da floresta, agora, isso!
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(Ao som de AmaOzonia)

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