05 novembro, 2012

Veladas vozes veludosas 

(de Adroaldo Bauer, a Cruz e Souza)


A vela acesa já se liquefaz, 
a chama flamba o receptáculo, 
se esvai em fumo, um espetáculo. 
Bebo quente arremedo de oráculo?
Destronada a vestal expõe o corpo nu 
sem vestes tal qual ao mundo viera
em carne e osso, hoje era deusa
entanto, ainda a vela acesa, ela abusa
da condição de ser superior que pensa
e desfaz-se lânguida, enquanto me refaço
de um dia de ócio, mas ansiado cansaço
Ardem chama, vela e vestal até
Humana apenas já é, 
como sou igual e a abraço
E somos um e mais não há
Por certo alguém exclama já
e por nós, certo é que vela
enquanto ainda acesa a chama.

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