05 dezembro, 2012

De alma vazia

Eu devia, confesso, escrever aqui uns versos.
Dilema avesso, talvez mesmo até um poema.
Dou-me por conta, tão-só vontade não basta. 
Que é preciso precisar, reinventar, para criar
o novo, o belo, o instigante e não mesmificar.
Daí se-me foge a inspiração se um dia houve 
Duvido das próprias dúvidas dantes dirimidas.
Resta o ressaibo dolorido das imprecisões, já.
As musas me deixaram, mais não encantam?
Estarão a tramar entre si se me abandonam?
Quanta crueldade no mundo há e eu tão mudo!
"Queixo-me às rosas", paciente, elas silentes:
A fruição dos perfumes, entanto, insuficiente é.
Da fome, da miséria física e moral sei também.
Da ânsia exacerbada da libido, da sensualidade
do romance, da paixão suponho saber, e bem.
A palavra chave, as chaves dos corações, nem
próximas de mim estão. Agora devia eu falar. 
Dou-me conta, a alma vazia espanta a poesia.

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