11 dezembro, 2025

BANCO CENTRAL MANTÉM SELIC EM 15%. HADDAD DIZ QUE IMPACTO É NEGATIVO PARA A ECONOMIA

 O Banco Central (BC) manteve a taxa Selic em 15% ao ano nesta quarta-feira (10). A decisão, unânime, ocorreu no mesmo dia em que o IBGE divulgou a queda da inflação oficial, medida pelo IPCA, para 0,18% em novembro.
O ministro da Fazenda Fernando Haddad considerou que os juros elevados impactam negativamente a capacidade produtiva do país. Chegou a declarar que, se fosse um dos diretores do BC, votaria pela redução da taxa de juros.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC decidiu, pela quarta vez consecutiva, manter a taxa básica de juros (Selic) no patamar de 15% ao ano. Este é o nível mais alto para a Selic desde julho de 2006.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de novembro ficou em 0,18%, o menor nível para o mês desde 2018. No acumulado dos últimos 12 meses, a inflação está em 4,46%, dentro do teto da meta contínua de inflação (que é de 4,5%).
Apesar da moderação da inflação, o BC optou mais uma vez "pela cautela, indicando que a manutenção dos juros elevados é necessária para garantir a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante e não deu sinais de um possível corte de juros em janeiro."
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem criticado a manutenção da taxa de juros (Selic) em patamares elevados pelo Banco Central (BC), classificando-a como "excessivamente restritiva" e "injustificável". Haddad defende que a taxa deve cair para estimular a economia e argumenta que a taxa Selic, atualmente em 15% ao ano é muito alta para o cenário econômico do país, "especialmente diante da reancoragem das expectativas de inflação e do esfriamento da economia".
O ministro tem defendido publicamente que o BC deveria, pelo menos, sinalizar a intenção de iniciar um ciclo de cortes de juros nas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom).
Haddad insiste que os juros elevados impactam negativamente a capacidade produtiva do país. Chegou a declarar que, se fosse um dos diretores do BC, votaria pela redução da taxa de juros.
Embora o tom das críticas, Haddad tem mantido diálogo com o presidente do BC, Gabriel Galípolo, e elogiado seu trabalho em meio à crise, embora ressalte que o patamar atual dos juros é insustentável e que a manutenção dos juros altos é um entrave ao crescimento num cenário econômico que já permite, e até exige, a redução da Selic.
O Federal Reserve (Fed) reduziu a taxa de juros dos EUA em 0,25 ponto percentual, para a faixa de 3,50% a 3,75% ao ano, em sua reunião de 10 de dezembro de 2025. Esta foi a terceira redução consecutiva da taxa básica de juros, que atingiu o menor patamar desde setembro de 2022. A decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) ficou dentro das expectativas do mercado financeiro.
O consenso entre economistas e a indústria é que a alta diferença nas taxas de juros entre Brasil e EUA (cerca de 11 pontos percentuais, com base nas taxas de referência recentes) atrapalha o desenvolvimento industrial e, de fato, cria um ambiente favorável à especulação rentista no Brasil.
Os juros elevados encarecem o crédito para empresas, tornando mais caros os empréstimos e financiamentos necessários para investimentos em expansão, modernização e inovação.
O custo logístico e financeiro elevado trava a competitividade das exportações brasileiras, já que produtos nacionais se tornam mais caros no mercado internacional.
Juros altos ainda desestimulam o consumo, especialmente de bens duráveis, o que reduz a demanda por produtos industriais no mercado interno.
Qualquer país que praticasse as taxas de juros do Brasil teria "recessões bíblicas", na visão de alguns economistas, destacando o efeito negativo no crescimento econômico.
A alta taxa de juros no Brasil atrai investidores estrangeiros em busca de retornos financeiros rápidos e elevados (o chamado "capital quente"), que se beneficiam da diferença de juros (diferencial de juros) entre os dois países.
Esse cenário beneficia primariamente investidores e bancos, que estão entre os mais rentáveis do mundo, enquanto a economia real, incluindo a indústria, sofre com a falta de investimento produtivo.
A política de juros altos no Brasil tem como objetivo principal alegado pelo Banco Central o controle da inflação. No entanto, seus efeitos colaterais geram um ambiente prejudicial à indústria e atrativo para o capital especulativo, que busca retornos financeiros de curto prazo em vez de investimentos produtivos de longo prazo.
Há quem assegure que o controle da inflação pelo Banco Central do Brasil não é apena um argumento retórico.
A questão central que se levanta é se o controle da inflação pelo Banco Central seria um objetivo genuíno ou apenas um argumento retórico, especialmente agora que a inflação está dentro da meta estabelecida.
O "Controle da Inflação" aparece como "um objetivo genuíno e legal". Atingir a meta de inflação é o mandato principal e a obrigação legal do Banco Central do Brasil desde 1999, e foi reforçado com a Lei da Autonomia do BC em 2021.
Não seria retórica porque o Banco Central usa ferramentas concretas, principalmente a taxa de juros (Selic), para esfriar a economia e controlar os preços. O fato de a inflação estar dentro da meta mostra que a política monetária funcionaria em termos técnicos para alcançar esse objetivo específico.
A questão de a meta ser uma decisão "teórica, extrapolada da realidade objetiva da economia do país" é o ponto de maior debate político e econômico:
Os que argumentsm a favor da meta argumentam que "a estabilidade de preços é um pré-requisito para o crescimento econômico sustentável de longo prazo". A inflação descontrolada desorganizaria a economia, reduziria o poder de compra dos mais pobres e afastaria investimentos.
Os críticos da meta, setores da indústria e alguns economistas desenvolvimentistas, argumentam que a meta de inflação é, muitas vezes, "baixa demais para a realidade estrutural do Brasil".
Para atingir essa meta, o BC mantém a taxa de juros em um nível tão elevado que acaba por sacrificar o crescimento econômico, o emprego e o investimento produtivo.
Pode-se concluir que o controle da inflação é um objetivo técnico e legal do BC e aingi-lo necessita da execução de uma política monetária que lhe permite o mandato.
O debate essencial, no entanto, não é sobre a existência da inflação, mas sim sobre o custo social e econômico de atingir a meta. Para muitos, o "remédio" (juros altíssimos) é pior que a doença (uma inflação talvez um pouco mais alta, mas com mais crescimento e emprego), esse o ponto de tensão entre a estabilidade monetária e o desenvolvimento industrial.

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