07 março, 2013

Falo do jogo da vida

Falar de amor não é amar
falar pode ser nada dizer
ter e não ter, do que falo,
não é o natural, é o imaginado,

Ser pode não ser, então.
Paradoxal, sendo, inexiste.
Um sim que é não.

Ah, há sim, um não!
E, sim, há um não enfim,
sempre enfim é, sim, o fim,
ainda que começo,
recomeço
que não meço
e desconheço.

Para além do natural,
se há intelecto,
há o criado. 

Bem olhado,
também há animal esperto...
e inanimado elemento.

Arranha o jarro,
falo, a aranha.
Estranha, se calo.
À bela tessitura e flama,
virtual ou ao drama. 

Nem escama que brilha,
orvalha.

Entenda-se: remexe funda,
aparece rubra saliente ponta
do invólucro que a contém... 

Assim, sem mais nem,
à vista de toda gente,
leva-a aos lábios,
passa, repassa bem,
protege-a com as mãos,
beija os próprios lábios já úmidos e...

satisfeita, esfuziante tom,
guarda na bolsa o batom.

 Em lances, jogam-se dados,
setas, dardos,
fá-los, o imaginário,
no giro, no vôo
rumo ao incerto ou à mosca,
teia irreal. 

Fim de jogo,
traga o último gole,
remexe os bolsos. 

Vazio, a pé se esvai.
Dia ganho, noite perdida.


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