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por Luiz Pilla Vares
Pois a novela que agora se edita tem todos os ingredientes capazes de tornar a leitura agradável e prender o leitor até o fim. O cenário é o Rio Grande do Sul, num vai e vem entre o interior do Estado e Porto Alegre. O tempo, de certa forma indefinido, são os anos de chumbo, que nunca são referidos diretamente, mas que pairam como nuvens cinzentas sobre todo o transcorrer da novela.
As personagens são familiares para quem vive no Rio Grande do Sul, mas que nunca caem na caricatura meramente regional.
Todas são problemáticas e universais, desde Romão, a principal, que passa grande parte da obra como uma sombra a decidir o destino dos demais participantes, até Domício, o filho enlouquecido do latifundiário, a quem cabe ser o detonador do conteúdo trágico desta novela.
O mais encantador, porém, no enxuto texto de Adroaldo Bauer, é que não se trata de uma novela linear, com uma temporalidade exata. A história tem idas e vindas, sem que se transforme em um quebra-cabeças que muitas vezes se torna, na literatura moderna, uma chatice. Nada disso.
A ausência de temporalidade linear contribui para o leitor se apoderar da personalidade e dos dramas de cada uma das personagens e chegar progressivamente ao caminho que conduzirá a um desfecho ao mesmo tempo trágico e reconciliador entre o pai Romão e a filha Laurita.
E nessas idas e vindas da temporalidade, a memória não está em segundo plano.
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