23 dezembro, 2007

Você e Eu...

Salvador Dali


...

A dor de não encontrar,
tanta terra e tanto mar,
nem abraço nem porto
para meus ais. Onde o cais?

---

Tal Fênix degenerada, das cinzas rediviva,
brindo o encontro. Doído, doido, rindo feliz,
embora sentido, alarmado que Ícaro
em queda brusca seja chamas, eu cinzas.
(Morri!)

---

Que sonhos sepultados não germinariam
sementes de intenso amor, profanando
a tumba, rasgando a terra, fecundando
a seara árida de então, brotando verde?

Que pergunta Ícaro faz a Fênix, eu,
que te alerto para o sol que rebrilha,
mas te queimará a cera das asas e
a fuga à liberdade te escapará?

Um sonho que faz de fato voar um
Ícaro seguro, alado em aura iluminada.
é aquele que me segredaste, insinuando
que me podias amar e fez de mim ave
rediviva, esfolada ainda, certo, mas
recriada em vida, por te esperar.

Respondo para tuas dúvidas enterrares
e mais intensamente sonhar. Que não faço
eu outra coisa na vida, agora, que esperar
por ti, por teu chamado, por teu beijo,
por te encontrar e, enfim, te amar vivo.

---
Já nos dissemos, não lembras
para me provocar a alma, que
não há invenção pior que essa
do pecado, produzida para nos
dominar a paixão que revolta
as brumas, espanta amarguras
reluz a carne transformada em
frêmitos sem freios, alucina
e nos devolve humanas pessoas
umas às outras. Eu dentro de
ti, tu em mim para sermos um
...

Ainda assim, se for, pequemos!

---

Se ainda pensas, alguém de nós não enlouqueceu de vez.
Os bem-me-queres transformados e os girassóis por fim
reencontrados nos devolveram a paz. E nós a nós mesmos,
denunciando um outro momento, esse já perene, parado,
o tempo deformado pela curva do espaço, agora estreito
encurtado, não mais distâncias, não mais vacilações,
a ânsia apaziguada por certeza, a espera infrenética
embora a viração da doce brisa, carregando as últimas
nuvens, despejasse em nós chuva fina, seguimos
abraçados, passos lentos, aureolados de matiz carmim,
sim, por certo, sem mais duvidar, eu em ti, tu em mim.

---

O desejo é um sonho já quase real
Transmudado da não matéria ao plano do querer,
Em sendo a palavra que o ato encontra.

Nada mais natural, que a vontade carnal
de seres do reino nosso, ancestral, perene,
atual, de um modo manso, animal até tímido,
sensual que chega ao sexo por acordes
de prazer. Os corpos explicando pulsares,
as peles incandescidas, neurônios dispersos
enlouquecidos à caça da tradução dos gestos
de mãos, de lábios e línguas quentes, doces
e umedecidas suavemente, por lânguidos
tocares de uma na outra, e chegando até
aos céus das bocas, em carícias
exploratórias de recônditos adivinháveis
queridos, amoráveis, inebriantes fluidos
quentes, gososos, gostosos, de nossos
íntimos e sussurrados lugares mais guardados
sejam então explorados mansamente, tênues
movimentos a encontrar fendas fremindo úmidas
ansiadas de quereres, por desejar sentir prazer
Sonhar assim nada me custa, e muito me dá paz
para ao teu lado, sem mesmo perceber, adormecer
as pernas trocadas, seios a acolher a face.

---
Eu sinto que teu perfume pode inebriar.

Com certeza, não iremos à missa das sete.

---

Eu não penso mais em ti.
É que tua presença inebria
irradia de tal modo um brilho
que esfuzia a vista e, demente,
creio, perco-me nos teus labirintos macios
no teu colo perfumado, nos teus braços,
enlevado que, não mais penso, apenas sinto.
Muito!

...

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