24 agosto, 2008

Sem mais palavras, amor




Nem mais palavras de amor
paralisa-me algum temor
importunar uma existência
uma outra circunstância
com um incômodo, a dor
um querer despropositado,
fora de hora e lugar
desajustado, indevido,
impróprio, ultrapassado.
Não há o que fazer
Nada mais importa
Nem teus retratos
ouso olhar, fecham-se
todas as portas. Eu sigo
desatento a conselhos
destoando do bom senso
persisto e desconexas
saltam no éter loucas palavras
se impoõe como desejos
delas mesmo, insanas
se atiram nas pontas de facas
se estendem nas lâminas
das navalhas azuladas e frias
nos cortantes cacos de vidros
sobre paredes intransponíveis
Já é vermelho o muro que nos separa.
O sangue escorre dele,
numa ponta espetada, varado o coração.
Clamo às musas por inspiração
Ausentes, distantes, não me concedem
Nada me permitem, tudo sonegam
As palavras nem tem mais de mim
se me recordo, eu não mais as tenho
eu não a tenho mais a me inspirar.
Eu penso ainda que ainda não a tive.
Eu só a amei desesperadamente. Só!

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