25 outubro, 2008

A miséria moral dos tempos pós-modernos

Quem vende voto está do lado da miséria moral de quem compra.
A miséria individual de quem vende o voto não exime qualquer da responsabilidade pela miséria social e moral que decorre da venda do voto.
A necessidade individual resolvida por um dia submete toda uma comunidade à corrupção e à miséria moral por quatro anos, no mínimo.
Não é novo o método, nem exclusivo daqui, sabe-o bem George W. Bush, que só não perdeu na suprema corte esse segundo mandato que tarda a findar pela arranjada coincidência de, às vésperas, aqueles aviões de carreira desviar das rotas seqüestrados por ex-amigos e sócios da família Bush ansiosos por encontrar Alá, fanatizados até à auto-imolação.
A educação não está solta no espaço.
Ela, como o demais nas sociedades humanas, costuma corresponder aos interesses dos que governam e reproduzir os interesses dos que controlam o poder.
Paulo Freire anotou que a educação para a liberdade se dá em oposição à exploração e por conscientização e aprendizado em espaço democrático.
A tarefa de libertação é para ser desenvolvida no mínimo em todo o território de um país, sempre alertou Lênin, mas está relacionada objetivamente com o modo de produção existente no lugar, no continente, e no planeta, sabem bem os cubanos e os chineses, mesmo os coreanos do norte.
E deve considerar os sistemas de conquista e manutenção da hegemonia, completou do cárcere fascista de Mussolini o pensador italiano Antônio Gramsci.
Platão já alertava que os que não fazem a política conformam-se em ser governados pelos que fazem a política.
Um manifesto, um programa, uma estratégia, uma tática bem resolvida e eficaz para as conjunturas, simpatizantes da ação e ações generalizadas vem sendo propostas há pouco mais de 160 anos (o Manifesto Comunista é de 1848) como parte da transformação que necessitam os de baixo.
Os de cima têm se safado da extinção enquanto classe dominante e governante com guerras localizadas, crises cíclicas esperadas ou aparentemente inusitadas ou mesmo acordos e pactos como em Moncloa, na Espanha, o Compromesso, na Itália, e algo sem nome, mas similar recentemente no Brasil de Sarney a Fernando Henrique e, um pouco mudado, mas mantido agora com Luís Ignácio.
Nenhuma revolução moral ocorre sem a necessária circunstância, as relações sociais, decorrentes das relações de produção, as sustente.
Aprender sobre cultura indígena é imprescindível, para que se saiba que a extinção das nações se dá pela política, pela ganância, pelo colonialismo,na época, e agora pelo imperialismo de outras nações tecnologicamente mais bem aparelhadas e, como acaba de revelar Greenspan, mesmo que equivocadas sobre as verdades que fazem o mundo cometer por 40 asnos.

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Eles não devolverão o caviar

Antevisão do mea culpa do incrédulo (e cara de pau) Greenspan

Havia até ontem certo tipo de gente cujos restos inda devem andar sussurrando, arrastando correntes e abanando lençóis brancos por aí, que arrostava um sem número de argumentos para sustentar as enormes vantagens e qualidades de um sistema de produção sem o estado.
Melhor: com um estado mínimo.
Era o máximo ouvi-los perorar pérolas e fartarem-se, nos governos, de vender o patrimônio público a preço de chuchu.
Fizeram no Chile, aqui, na Argentina.
Negócio da China não era melhor.
Danavam o couro de gente que piscasse em direção outra, à esquerda, então, mandavam queimar no inferno.
Inculpavam de penas mis o pecado de quem defendesse o estado como apenas indutor da economia e regulador do egoísmo, que contivesse a sanha da concorrência desregrada dos grupos, dos oligopólios, dos monopólios, que o estado era uma invenção que podia domar os bichos mais ferozes da selva da produção se reparasse em alguns preceitos apenas republicanos (igualdade, liberdade e fraternidade, por exemplo, cousa pouca).
E devesse o estado aplicar para o bem público os recursos arrancados em impostos ao povo.
Essa turma, os adeptos do fim da história, diziam, rezavam até, que deixassem as pessoas fazer a livre concorrência pela livre iniciativa...
A vida iria bem por séculos e séculos e muitos aqui e alhures diziam amém às empulhações.
Hoje, tais lideranças esclarecidas e refinadas andam pedinchonas, são terneiros mamões crescidos, leitões cachaços arriados.
Perderam a competência de fantasiar para o povo o que nunca realizaram por si.
Capitalismo sem risco, com dinheiro público.
Capitalismo de estado é coisa malsucedida do passado, gente!
Até Stalin usou e abusou contra os soviéticos a favor de uma concepção de desenvolvimento que passou a quilômetros da idéia socialista, um universo inteiro longe do comunismo.
Antes era Plano Marshall, pra reerguer a Europa destruída.
Esse nem nome pomposo tem.
É salvacionista de quem e de que se a guerra é contra o Iraque, lá no oriente médio petroleiro?
Ah! É para salvar os campeões da democracia e da livre iniciativa.
Coisa feia é pregador de ideário de fanfarronice de liberdades tantas correr a se aprisionar nas burras da viúva, sem algemas!
Todos aqui sabem que só paga imposto mesmo os que não têm pra quem repassar na cadeia produtiva.
Os que têm de pagar nas notas fiscais nem pra cadeia vão se não o fizerem e ainda recebem algumas anistias em alguns lugares em pleno terceiro milênio.
Em nome disso, deram os trens todos. As grandes e pequenas minas, salgadas e doces, em montanhas e vales, as beira de cais assim como desde milênios acontece com a prostituição trombeteando que tudo ficaria na santa paz das senhoras elegantes do bordel planetário, porque o estado não mexe bem com isso.
E assim passaram às ganâncias privateiras tantas energias, telefonias, aciarias, parafusarias, estradas, buracarias.
Pela privada deram mão até pra se dizente dono de concessão pública de tevê escancarada ou fechada.
Porcarias compradas, o passivo delas trocado por moeda nova, guardando nas burras do povo a moeda podre, dando de barato incentivos por quase um século para fabricar automóveis, essa idéia suja que foi sacada de Detroit e os detritos espalhados pelo mundo a fora à tripa forra.
Até aviação pegou um refilão.
Se a VASP ficou no chão, a Varig também pode ficar.
Até hoje, mesmo com o Proer, Bamerindus, Econômico e Nacional, falidos, inda sustentam pro labore aqui.

A viúva não quebra porque seus filhos varonis nunca desistem, dizem.
Assistem e assistem.
E agora me vêm os que têm fé de mais, os que têm fé de menos pedir um ajutório já trilionário de dólares novinhos, recém-rodados na guitarra do FED, o banco estatal dos EE.UU, que faz a moeda das finanças do mundo para não quebrarem as pernas dos negocistas da rua dos muros.
Deram todos com a cara nele, em lamentações.
E os crentes já desamparados dos guias ainda pregam que o estado deve ser mínimo (sendo suficiente para salvar os banqueiros e pagar a polícia...) e elevam as mãos para receber o dólar inda uma moeda acreditada no mundo, mesmo que feda.
E créu nos infiéis.
Em fim de festa, os irresponsáveis nem convocaram foguetório terrorista para unir a pátria de canhoneiras.
Vão fazer a trasnferência bilionária na cara, em cores, pela tevê.
Vão lançar já, já bonequinho da crise, pra vender no camelódromo. Agora dele não será a do esperto pateta George.



De Karl Marx para vossa livre reflexão

"Em um sistema de produção em que toda a trama do processo de reprodução repousa sobre o crédito, quando este cessa repentinamente e somente se admitem pagamentos em dinheiro, tem que produzir-se imediatamente uma crise, uma demanda forte e atropelada de meios de pagamento.

Por isso, à primeira vista, a crise aparece como uma simples crise de crédito e de dinheiro líquido. E, em realidade, trata-se somente da conversão de letras de câmbio em dinheiro. Mas essas letras representam, em sua maioria, compras e vendas reais, as quais, ao sentirem a necessidade de expandir-se amplamente, acabam servindo de base a toda a crise.

Mas, ao lado disto, há uma massa enorme dessas letras que só representam negócios de especulação, que agora se desnudam e explodem como bolhas de sabão, ademais, especulações sobre capitais alheios, mas fracassadas; finalmente, capitais-mercadorias desvalorizados ou até encalhados, ou um refluxo de capital já irrealizável.
E todo esse sistema artificial de extensão violenta do processo de reprodução não pode corrigir-se, naturalmente.
O Banco da Inglaterra, por exemplo, entregue aos especuladores, com seus bônus, o capital que lhes falta, impede que comprem todas as mercadorias desvalorizadas por seus antigos valores nominais.
No mais, aqui tudo aparece invertido, pois num mundo feito de papel não se revelam nunca o preço real e seus fatores, mas sim somente barras, dinheiro metálico, bônus bancários, letras de câmbio, títulos e valores.
E esta inversão se manifesta em todos os lugares onde se condensa o negócio de dinheiro do país, como ocorre em Londres; todo o processo aparece como inexplicável menos nos locais mesmo da produção."

Fragmento de "O Capital", Volume 3, Capítulo 30, Capital-dinheiro e capital efetivo, Karl Marx.

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