22 fevereiro, 2010

após a tormenta

foto de W. Danielsl, do pós terremoto no Haiti


Se danço contigo, pego na tua mão
Meu corpo encontra o teu coração
O perfume recende mágoa passada
- mói, corrói, dói, atordoa.
E não revivo assim, é do que morro
Minh’alma se perde em volutas
Além da própria conhecida razão
Come com os pássaros no chão
São certezas de não futuro
Dum presente sem espelho
Dos escuros céus da tormenta
Um céu sem sol, nem lua
As estrelas nuas em prisão de gelo
Um tão melancólico destino
Aproxima do opaco desatino
O reverso refletido no frio da lâmina
Dum mundo perverso, abatido!
A queimada crestando o solo, a chama
Lugar algum fora d’alma intacto há
Os elementos em constante fluidez
O látego punindo minha rasa estupidez
As marcas ruinosas no coração
Os reveses da liquidez em versos
O corpo caído, vôo cego no vazio
Falso passo de valsa no cadafalso
Imprevisto lampejo, fim de desejos
Saudades e lembranças assombradas
Varadas por coriscos, tenebrosas
Lampejos da vida, tudo em risco
Atravessada por felicidade em vagas
Encadeadas como ondas à beira-mar
Sem tempo pra dor do desamor
De se poder também gostar
De estar sobre a cama sem medo
Num arremedo de brinquedo
À margem do sonho me quedo
Metade amor, metade desmantelo
Fugindo atormentado, adivinho
Após a borrasca, dor e borra de vinho

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