Palhaço local não pode, só multinacional...

Por alguma razão que não sei, me envergonha antes de saber e o povo não entende, o artista popular Zé do Gato, Ou João do Gato, ou Mané do Gato, ou apenas o Homem do Gato, que há mais de 20 anos faz das suas no Bric da Redenção, ainda quando o bric nem era o sucesso que hoje é, está sendo impedido pela prefeitura de Porto Alegre de trabalhar ali.

Venderam um canto do Parque da Redenção pra uma loja de sapatos e bolsas, outro meião pra uma fábrica de refrigerantes; abastece telefone quem quer, três tribos de naturais da terra dançam e cantam com crianças até de colo pra angariar fundos e vender artesanato, além dos briqueiros tradicionais e e outros nem tanto, vendedores de imitações feitas em fábrica.

O Homem do gato não pode vender o apito dele, nem fazer o show dele. O que terá feito de tão horrendo esse homem que não lhe permitem o trabalho e a expressão pública da arte os governantes de plantão, se faz só vender apito após divertir e agradar seu público fiel que sai em defesa dele, se precisar até na porrada, como disseram.

O Homem do Gato, não podendo trabalhar.

A funcionária da secretaria municipal da produção, indústria e comércio, nada dizia... uma esfinge cagada de medo, guardada por policiais da BM, impedia o homem de fazer o ganha pão dele, recolhendo os apitos na maletinha de plástico laranja. 

Além, um tanto, um grupo de capoeira, além ainda uma estatua viva, depois um legítimo e original fólqui estadunidense, com violoncelo e violino, mais indiozinhos, bancas de partidos políticos, dação de filhotes de cães.

Quando o chefe da funcionária chegou, saíram ambos, ele de camisa branca de costas, saco plástico preto na mão direita, escoltados pelos soldados, sob as vaias do povo...

Não prenderam o palhaço... desta vez.

Formou-se a roda para mais um espetáculo do Homem do Gato, sob os aplausos do público.