O incêndio destruiu todo o prédio. Não se podia dizer quantas histórias alegres ou tristes ali ocorridas ou por realizar teriam sido consumidas pelas chamas só debeladas por oito guarnições de bombeiros após seis horas de combate intermitente.
A origem daquele horror ainda restava desconhecida, tantas haviam sido as explosões, no que restara de uma central de gás ou em unidades isoladas.
Era corrente entre a gente que se aglomerava curiosa em desespero nas cercanias a referência a depósito clandestino de produtos químicos inflamáveis.
- O que mais poderia ser, laboratório de drogas, assuntavam pouco convictos dois vizinhos da mesma rua?
O drama fora aumentado na primeira hora pela falta de equipamento adequado ao trabalho, escadas curtas, pouca pressão nas mangueiras, algumas rompidas em meio à operação.
A chegada de outras guarnições mais ben equipadas reduziu a tensão, mantida pela desinformação sobre a existência de ocupantes no imóvel, o que persistiu até a extinção total do fogo.
As equipes de rescaldo já operavam quando o responsável pelo prédio chegou e, ainda atordoado, balbuciou em resposta à indagação do capitão em comando:
"Não devia ter viva alma no edifício".
Uma ordem judicial de despejo por reintegração de posse fora executada ali sem resistência há dois dias, na véspera do Natal.
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