É tão real já o amor

Insone, agitado
um quase não crer:
eu a verei,
tão próximo a terei
ao alcance de poder
sentir-lhe o perfume
saber das rosas
nas faces
se iguais às pétalas
da que lhe darei
Agita-se mais ainda
emoção pura apura-me
os sentidos todos
empurra célere os ponteiros
preguiçosos, vagarosos dos relógios
a emoção expande
o coração impulsa
amplia o universo
a verei em breve
e tenho já prometido dela
um beijo, poder dar-lhe um abraço
unir versos meus e dela
Emoção grande, tanta
tamanha, não mais me contenho
transbordo de mim por tudo
incrivelmente acordado.



Zé Augustho Marques - poeta

Lembrar de Ruth Schneider após cinco anos de sua morte é dedicar-lhe também este texto-síntese perfectível, que está pronto a “entrar no jogo” com a indizível vontade de fruição e prazer que esta grande artista merece.

É, pois, coabitar no tropeço poético.

Sim!

Falar de prazer e fruição é relembrar todo o excesso emocional de Ruth. Todos os seus “ismos”, as vezes näiff, que a levavam à obsessividade de suas formas intuitivas, exageradamente inesperadas e empastadas onde o patético e o caricato desfrutavam de sua paleta todos os ditos “expressionistas”, que floresceram no fim do século XIX.

Por atavismo orgânico, Ruth foi grande herdeira desta escola. Uma das melhores expressionistas do Brasil. Eu que convivi e partilhei de sua rotina artística por aproximadamente vinte anos, aprendi os valores de sua dispersão e backunderground que me deram a certeza-isenta dessa minha e outras saudades: Ruth partiu e repartiu litígios com a primazia das verdades humanas...

E, pintou a cara da vida como ela é!



Saudades de Ruth Schneider
Abertura: 18 de novembro às 19h

Visitação: até 3 de dezembro
de terças à sextas das 10h às 19horas
Sábado das 11h às 18horas


Curadoria: Zé Augustho Marques
Produção Gráfica: Laís Gubert Garcia
Fotografia inédita: Achutti