12 fevereiro, 2010

Só ficou a saudade

Pierrot, 1918, de Pablo Picasso


Hoje não tem mais amor na dança
Nem qualquer canção no ar se lança
Não há mais porque chorar
É dia de frevo, mais um dia pra sambar
O povo brincando na rua
Na praça todos a cantar

Não mais me lembro
A dor que restou do amor
Secou aquela roseira
Despetalou a nossa flor
Era verdade, sim, era verdade
Mas parece que não era, tanto dói essa saudade
O tempo não volta, no quebra-mar do véu da noiva
Dos dias de sol, das noites de luar
Um jambolão, um arlequim, um Pierot,
Todos eles dizem assim
Tudo, tudo se acabou,
O grande amor chegou ao fim
Estrelas–guia, cometas a passar
Temperar cravo e canela, esse bolo de fubá
Não sei fazer uma canção qualquer pra ela
Vejo apenas da janela, nosso bloco desfilar
A fila andou e apesar da quarta feira
Na rua da Praia, sem rio, nem mar
Crianças, moços, velhos e senhoras
Não vi por horas o meu o amor passar
Pra baixo e pra cima, em busca de rima
Blocos, cordões e corsos, dedos a tamborialar
Esqueço tudo, fecho a janela pras troças
Sambando assim, essa gente tão disposta
Apesar de Colombina ter ficado com Arlequim,
Ai, ai, de mim
Ai , ai de mim
Apesar de Colombina, ter ficado com Arlequim

(Adroaldo Bauer, ouvindo No Cordão da Saideira, de Edu Lobo)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seu comentário no post. Seu retorno ajuda a melhorar a qualidade do meu trabalho.
Se você não é inscrito no blogger, clique em anônimo e deixe um nome ou endereço para contato.

Twitter Updates

    follow me on Twitter