24 outubro, 2013

DESEJOS


Muito querer o que tanto falta
coragem
audácia
esforço
decisão
impossível será então...
Porque ainda é não,
diz a razão de uma certa canção.
E se possível seja e não se saiba?
Pelos dedos escapa.
Dá-se aos ventos, figuram nuvens...
Desejo é desejo,
a cada ensejo se refaz ou desfaz
em fim ou em vida.
Não se inventa desejo, porque ele é.
Viceja do nada por algo, alguém,
o que seja.
Impensado, não planejado,
persistente, resiste
subsiste almejado.
Espreita a hora
de vir a ser e não finda
se não se realiza.
É inconsciente, mas consistente.
Desacomoda, desconforta,
atropela e se impõe à vida, ainda.
Deixa marcas, lembra instantes.
O desejo fugaz é, entanto, tenaz.
Também é o que não há,
o porvir ou o vir a ser.
Não te faz sofrer,
mais que esperar
e sonhar por superar
em vida por apenas merecer.

[Ilustração: Pawla Kuczynskiego.]

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