23 novembro, 2009

sinto mais do que adivinhas

Tal canção de desamor arremeda velho jornal
sem emoção qualquer, a querência despetalada
os versos espedaçados, os passos desarrimados
pés de esquina quebrados, alcança reles final

Sem retorno ao passado, amareleceu desbotado
A pipa desprendida, solta, caída em grotesco vão
Empinada em não lugares, em descolada versão
Esfarrapadas, medradas, ensombradas, espancadas

Se agora não mais me beijas, flor, tens razão
Se hoje mais não me queres, amor, sem emoção
Crê no impossível, apenas não sinta por mim

Já é castigo não tê-la. Não mais poder beijar-te
Não sentir teu corpo. Não desfaz de tanta sina
De um triste jardim sem ti. As cores desbotadas

O ar rarefeito, nenhum valor mais alto levanta
fenece a inspiração. Palavras só são palavras
O cantochão desenganado bate mesmo bordão

As emendas pioradas dos sonetos emprestados
Separados pelo riso do repente agora pranto
Ecoam o cinza-enevoado do sorriso desbotado

A espuma lançado à rocha, entanto
pelo vento que a vela enfunava
Faz-se novo desencanto, sem calmaria,

aturdido, os olhos náguas frias banhados
as brasas reacendidas já se vão apagadas
clama em desespero apaixonado
tanto ressentimento e drama

Súbito, não é mais amante, então
Só e distante erra, desventuroso
fios de aço farpado a cingir-lhe o coração

Um comentário:

  1. Senti em tuas palavras o tanto de zêlo que tinhas no teu amor perdido.
    Um amor só é recuperado, quando
    teu coração estiver limpo
    de mágoas e de saudades...
    Jorram amores em cascatas
    olhas o céu quantas estrelas?
    E o infinito
    a cobrir todas elas?
    Note o sol...
    no horizonte,
    todos os dias...
    nasce,
    de maneiras diferentes,
    mas a cada dia mais belo...


    mais beijos

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