06 novembro, 2009

Pisando no tomate

Júlio Daio Borges solta foguetes no Digestivo Cultural um blogue multipatrocinado(http://www.digestivocultural.com/arquivo/nota.asp?codigo=1627), porque o jornal inglês The Guardian anuncia que vai contratar blogueiros para cobrir noticiário local, onde estejam esses blogueiros.E, de cambulhada, desanca a maioria dos jornalistas profissionais, sem muita cerimônia.
Não são de qualquer modo diferentes blogueiros contratados pelo Guardian e profissionais de redações se são pessoas que ficam atrás de computadores rastreando informações, seja fazendo blogues ou, conforme opina Júlio, como “a maioria” que sequer “pisa na rua, passando longas horas na frente do computador, quando não “reprocessando” press releases (para reimprimi-los no dia seguinte)”.
O notório pra mim é que computador é ferramenta/meio para blogueiro ou profissional de redação de jornalismo.
O resto, o que faz cada um fora ou dentro de redação, na sala de casa ou nas ruas, fica por conta de juízo desse moço que deve ter uma larga experiência ou uma super pesquisa que lhe oriente conceituar dessa forma o jornalista profissional.
O Guardian tem dono, vai pagar aos blogueiros.
Talvez menos do que paga a profissionais de redação.
Sou jornalista profissional e blogueiro.
Sei que a manchete do Guardian é decidida pelo dono do Guardian.
Penso que Júlio amesquinha a discussão,quando reduz o direito de opinar, o direito de informação a uma tola querela entre um e outro direito.
A sociedade tem direito à informação o que não se aprende na esquina, nem é um dom natural, nem é apenas livre pensar.
Sei que a lei brasileira promoveu todos em nosso país à condição de exercer o jornalismo.
Vi gente dar qualquer coisa, tudo de si, inclusive, para aparecer numa tela de tevê no lugar de jornalista profissional. Paulo Francis (in Cabeça de Papel), entre outros, já nos dissera muito sobre isso, por escrito.
A questão é saber se proprietários das mídias grandes querem baratear e amestrar o processo pagando menos a pessoas sem disposição para a disputa da melhoria salarial, com olhos na promoção pessoal da janela de um veículo grande, pessoas que farão o serviço até de graça pelo lugar na janelinha.
Jornalista não é a priori profissional competente.
Nem blogueiro é, por antecipação, competente jornalista.
Dizer deles, a priori, que informam a sociedade como ela tem direito de ser informada é uma temeridade, se os meios de comunicação estão na mão de proprietários privados que têm seus patrocinadores e seus interesses econômicos e políticos.
Penso que é mais fácil a sociedade cobrar informação de jornalista registrado em algum lugar do que de um blogueiro, muitas vezes um avatar de identidade, em algum lugar do planeta.
Adroaldo Bauer Spíndola Corrêa

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